Tema do Colóquio

O multiculturalismo e o papel das línguas de especialidade


Interculturalidade versus multiculturalismo :
 
As migrações, o deslocamento de povos e a imigração reconfiguraram a sociedade.
O multiculturalismo, de acordo com o modelo anglo-saxónico, afigura-se como resposta à realidade da sociedade contemporânea. Ele tem em conta as novas culturas sem, contudo, estabelecer verdadeiros laços entre a cultura do país de acolhimento, a cultura normativa e a nova cultura, a que é trazida pelos novos cidadãos.
Até agora, os princípios e as políticas do multiculturalismo acentuavam:

  • o reconhecimento pelo Estado da pluralidade cultural
  • a redução dos obstáculos que se opõem a participação na sociedade dos grupos culturais marginalizados
  • o apoio à reprodução das culturas.

O multiculturalismo seria, assim, uma adição de particularidades diferentes, um conjunto muito fragmentado, sem verdadeira coerência.
É necessário pois questionar se este modelo de multiculturalismo é ainda apropriado num mundo onde todos procuram valores e códigos que lhes permitam estabelecer relações efectivas com os outros e com a sociedade.

Na senda do multiculturalismo :

Assim, para garantir efectivos intercâmbios culturais multilaterais, será necessário tomar certas medidas, tais como:

  • tirar partido dos intercâmbios escolares para aproveitar os contactos e os intercâmbios pessoais que eles possibilitam, assim como tirar partido dos processos pedagógicos utilizados em turmas multinacionais
  • combinar os intercâmbios escolares e os intercâmbios entre jovens, em particular para a formação de quadros
  • instituir uma formação mais sistemática para docentes e dirigentes de escolas básicas, secundárias e universidades sobre os intercâmbios, quer se trate de intercâmbios de alunos, de grupos de alunos e/ou de professores.

Actualmente todas as sociedades são multiculturais. O multiculturalismo é uma resposta à diversidade cultural e à sua integração na “cultura nacional”, a cultura da maioria.

Por outro lado, a especialização dos saberes é outro facto que marca a sociedade contemporânea. Ele é demonstrativo de que o ensino das línguas de especialidade se tornou indispensável.

Dever-se-á, então, repensar o modo de ensinar os textos especializados ? Haverá necessidades específicas novas? Será necessário repensar a forma de elaborar os discursos especializados? As escolhas discursivas, gramaticais e lexicais assim como as estruturas cognitivas, revestir-se-ão de grande importância para uma aquisição da terminologia mais eficaz? Tudo isto poderia contribuir para uma adequação das línguas especializadas e para lhes conferir uma nova dimensão.

Na classificação das comunicações serão tidos em conta os seguintes critérios:

As relações entre as culturas e as línguas de especialidade
Aspectos discursivos dos textos de especialidade (jurídicos, económicos, ambientais, etc.)
Estruturação do conhecimento especializado (ontologias, taxonomias, tesauros, bases de dados)
Estratégias didácticas para a aquisição do conhecimento especializado e da terminologia